Paulo Miranda fazendo treino simulado

Eletroestimulação e o futebol

Em novembro, a Copa do Mundo do Catar vai levar o Mundial pela primeira vez ao Oriente Médio e grande parte do mundo só vai falar sobre futebol. Mas você sabia que antes de a bola rolar, seleções, clubes e jogadores do mundo inteiro investem não só em treinos mais tradicionais, mas em muita tecnologia e ciência, como no caso da eletroestimulação de corpo inteiro (WB-EMS)?

A metodologia miha já vem sendo utilizada na Europa há pelo menos 15 anos e no Brasil, e desde 2016, alguns dos maiores clubes de futebol no país e atletas renomados também experimentaram e decidiram incluir a tecnologia no dia a dia visando recuperação, recondicionamento físico e investimento no pós-carreira buscando mais qualidade de vida.

Referência no futebol gaúcho

A academia Body Lounge, de Porto Alegre, realiza treinos de pré-temporada complementares ao treino convencional no clube com WB-EMS em jogadores do Grêmio e do Internacional, que deixam a rivalidade no gramado para buscar mais força muscular a fim de evitar lesões e fazer simulações de jogadas utilizadas durante os jogos da temporada.

 

A eletroestimulação de corpo inteiro atua em fibras musculares mais profundas e, principalmente, de contração rápida, como fibras tipo II, responsáveis por uma maior produção de força, potência e velocidade, fatores muito importantes para o desempenho dos jogadores profissionais.

“Na EMS, a gente trabalha fibras que não são ativadas no treino regular, levando o atleta a ter mais força, potência e resistência. Isso o ajuda a estar apto e com mais condicionamento físico para entrar em campo, com boa força”, conta Anderson Kaiser, professor da Body Lounge e jogador nas categorias de base do Grêmio, do Inter e em times do interior do Rio Grande do Sul.

Kaiser explica que as lesões musculares ocorrem, em grande parte, porque o atleta usa mais uma perna do que a outra para chutar, provocando um desequilíbrio no nível de força e resistência dos músculos posteriores de uma coxa em relação aos músculos anteriores da outra perna. “As lesões diminuem muito porque a gente consegue reforçar a fibra muscular do atleta de forma mais saudável”.

Esse desnível, que é a principal causa de lesões, é trabalhado muito bem na eletroestimulação de corpo inteiro, pois as fibras musculares de ambas as pernas são acionadas de forma involuntária. “O trabalho da EMS é fazer com que fibras se igualem nas duas pernas, estabilizando as forças musculares da anterior e da posterior”.

Os músculos do core, que é o centro do corpo, como abdômen, quadril e glúteos, também são ativados. “Com o core reforçado, o atleta manda força para braços, pernas, tronco, para todo movimento que precisa fazer. Muitas lesões vêm de um glúteo fraco, um core fraco, e posteriores da coxa”, descreve Kaiser.

O treinamento do atleta com WB-EMS é complementar ao trabalho físico desenvolvido em seu clube e, portanto, não deve extenuar o jogador. Mas se engana quem imagina que nos treinos complementares o atleta faz apenas agachamentos e abdominal. Também são simulados treinos de disputa de bola, de corpo a corpo e simulação de jogadas (Incluir vídeos e fotos dos treinos de jogadores do RS)

Alguns dos jogadores que já utilizaram a técnica da miha na Body Pulse são o meio-campista Matheus Henrique, hoje no Sassuolo, da Itália; O atacante Alisson, que hoje atua no São Paulo e o zagueiro Paulo Miranda, hoje no Juventude.

A longevidade de Nenê

Outro jogador brasileiro que incluiu a tecnologia na rotina é o meio-campista Nenê, do Vasco da Gama. Aos 41 anos, ele conheceu a miha nas temporadas passadas na Espanha e França, entre 2004 e 2012.

Victor Galdino, professor de Nenê e coordenador técnico da academia Body Pulse, do Rio de Janeiro, lembra que o treino com os futebolistas envolve também movimentos de salto para cabeçada e aterrissagem no solo. “A eletroestimulação gera melhora na performance, ajuda na potência muscular em movimentos de saltos, aceleração e desaceleração”.

Eles trabalham com sessões de eletroestimulação de corpo inteiro além da preparação para o campo e, para garantir longevidade no esporte e no pós-carreira. “Com o Nenê, realizamos movimentos específicos como mudanças de direção, apoio unilateral, agachamentos com salto, etc. Ou seja, movimentos que estão inseridos em seu desempenho esportivo, a fim de potencializar a ação dos estímulos elétricos e prepará-lo para situações de jogo.

Para Fernando, Nenê é um exemplo prático de longevidade esportiva, expressando as vantagens que o treinamento com miha tem sobre os treinamentos de força convencionais: maior recrutamento muscular e menor sobrecarga articular, ocasionando menos riscos de lesão e otimização de tempo por ser um treino de corpo inteiro e de alta intensidade.”